EM FOCO

Rodrigo de Grandis

Opinião de Rodrigo De Grandis

Procurador da República e Professor da FGV-SP

abril, 2020

O crime de lavagem de dinheiro é traiçoeiro e não respeita nem mesmo as pandemias. Recente mensagem do presidente do GAFI (Grupo de Atuação Financeira Internacional) destacou que diversos golpes financeiros têm sido praticados na esteira do surto mundial do coronavírus. Segundo o GAFI, os criminosos estão se aproveitando da pandemia de Covid-19 para aplicar fraudes financeiras, a publicidade e o tráfico de remédios falsificados, mediante oferta fraudulenta de oportunidades de investimento e envolvimento em esquemas de “phishing” baseados no medo do vírus. Esses valores estariam servindo à lavagem de dinheiro de diversas organizações criminosas e até mesmo para o financiamento de grupos terroristas. Essa situação reforça a necessidade de os órgãos de fiscalização, as unidades de inteligência financeira e as autoridades investidas da persecução criminal compartilharem informações e permanecerem atentos às novas formas de cometimento da lavagem de dinheiro, crime que, pela sua natureza, sempre explorará as lacunas e fraquezas dos sistemas financeiros, bem como o contínuo aperfeiçoamento e estudo jurídico dessa perigosa modalidade delituosa que se transforma e modifica cada vez mais rápido.